O seu cão e a infeção por Rickettsia: Cuidado com esta doença transmitida por carraças aos cães 

Como tutor de um pet, provavelmente sabe como a picada da carraça pode ser irritante para o seu querido cão e provavelmente já pensou muito na prevenção de pulgas e como evitar que seja picado por carraças. Como descobrimos em artigos anteriores sobre este mesmo tema, além de provocarem comichão e desconforto ao seu cão, as carraças também podem transmitir doenças graves ao cão, podendo por vezes até ser fatais. 

Diferentes espécies de carraças podem transportar múltiplas doenças diferentes. Neste artigo, vamos olhar para um grupo de doenças bacterianas transmitidas por carraças, como a Rickettsiose, a Anaplasmose e a Erliquiose.

Onde é mais provável que ocorram as INFEÇÕES TRANSMITIDAS POR CARRAÇAS?

Há uma variedade de bactérias muito pequenas que podem causar doenças em cães. Estas bactérias são encontradas em todo o mundo. Dependem de carraças para a transmissão de cão para cão, portanto há um maior risco de infeção em áreas com um grande número de carraças.

Estas bactérias tendem a apresentar um dos dois padrões de transmissão. Algumas Rickettsias são normalmente transmitidas pela carraça castanha do cão (Rhipicephalus sanguineus) que prefere picar e alimentar-se de cães. Portanto, a Rickettsiose pode ser identificada onde quer que existam grupos de elevada densidade de cães que não estão a receber um controlo eficaz contra as carraças.

Outras bactérias são mais frequentemente encontradas a infetar ou a provocar doença em cães que têm contacto com áreas naturais com amplas populações de animais selvagens e carraças que se alimentam da vida selvagem.

 Clima favorável

As carraças que transmitem estas doenças são encontradas em muitos climas diferentes por todo o mundo e, portanto, as doenças também são encontradas em muitas áreas.

Por exemplo, a carraça castanha do cão, prospera em temperaturas mais elevadas, podendo ser encontrada em regiões tropicais, húmidas e em áreas quentes e áridas.  Assim, as Rickettsias transmitidas pela carraça castanha do cão são mais comuns nestas regiões mais quentes.

Em contraste, as áreas onde as bactérias, que infetam a vida selvagem, são encontradas variam muito, desde climas mais quentes a áreas mais temperadas, dependendo dos tipos de carraças portadoras de doença.

As mudanças no clima e no habitat, juntamente com o aumento das populações de animais selvagens e novas introduções de animais infestados por carraças, resultam na disseminação de infeções por Rickettsias de ambos os tipos para novas áreas e um aumento geral do risco de picada de carraças e de infeções para os cães. 

Como é que um cão se infeta?

As mordidas de carraças são a fonte mais comum de infeção para cães, embora a transmissão de bactérias também possa ocorrer ocasionalmente através de uma transfusão de sangue ou por contacto direto com sangue de materiais contaminados.

Os cães infetados, que demonstram sinais de doença ou com infeções não aparentes, ajudam então a disseminar a doença infetando carraças que picam e se alimentam deles.

Antílopes infetados ou outros ruminantes selvagens (como vacas, ovelhas, etc) fornecem uma fonte de alimento que suporta algumas carraças adultas. Estas carraças adultas não costumam infetar os antílopes, mas podem disseminar algumas infeções através dos seus ovos para a próxima geração de carraças. Estas bactérias são mantidas principalmente em pequenos mamíferos, como ratos, que servem de alimento a formas imaturas de carraças.

Os cães que vivem em qualquer lugar onde há muitas carraças infetadas têm uma elevada probabilidade de ficarem infetados. Quando uma carraça infetada morde um cão, injeta um pouco de saliva no local da picada antes e durante a alimentação.

A bactéria é transferida da carraça para o cão com a saliva. O risco de infeção aumenta para um cão quanto mais tempo o carraça for capaz de se alimentar.

Que comportamentos colocam um cão em risco?

Qualquer cão que seja picado por uma carraça está em risco de infeção e doença causada por estas bactérias, embora as infeções sejam mais comuns quando os cães partilham os seus espaços com muitos outros cães e onde há populações bem estabelecidas de carraças castanhas do cão. Além disso, os cães que têm um estilo de vida ativo, que vivem no exterior, ou que visitam frequentemente ambientes naturais onde as carraças são encontradas, enfrentam um maior risco de picada por carraças e infeção subsequente. Por fim, os cães que não estão protegidos por tratamentos de controlo de carraças também enfrentam um maior risco de picada de carraças e possível infeção. 

Pode haver algumas variações na suscetibilidade relacionada com a raça às mordidas de carraças e risco de doença por bactérias, por exemplo, os Médicos Veterinários relataram as seguintes conclusões:

• Pode haver cinco vezes mais carraças castanhas do cão fixas a cães de raça Cocker Spaniel em comparação com cães de raça Beagle, alojados juntos num canil onde as carraças estão presentes. A ideia é que os Beagles são menos propensos a serem mordidos por uma carraça.
• Pastores Alemães e Siberian Huskies parecem ter sinais mais graves de Ehrlichiose depois de contraírem uma infeção após uma mordida de carraça.
• Alguns Pastores Alemães e English Springer Spaniels têm uma alteração genética particular que pode levar a uma doença mais grave na sequência de uma infeção.

Embora as grandes populações de cães possam aumentar o risco de exposição às carraças, não há um risco aumentado para a transmissão direta destas bactérias de cão para cão.

Ainda há muito mais a aprender sobre estas doenças, e na Segunda Parte desta série, vamos mergulhar nos sinais que podem indicar uma infeção por estas bactérias, tratamentos de doenças e conselhos para manter o seu precioso cão protegido desta infeção.