Numa manhã de verão, a família Silva foi fazer uma caminhada com o seu ativo cocker spaniel, Milo. Não era invulgar o Milo correr toda a extensão da sua trela, farejar o seu caminho fora do trilho em vários arbustos e desenterrar cada pau escondido que conseguisse encontrar. Mas neste dia, as aventuras do Milo resultaram num ferimento. Uma pragana alojou-se profundamente no seu canal auditivo. Assim que a família percebeu que o Milo estava em sofrimento, levaram-no diretamente ao Médico Veterinário. O doloroso pedaço de erva foi retirado e o Médico Veterinário prescreveu um regime de antibióticos ao Milo. O que a família não imaginou foi que, após este evento, a personalidade do Milo parecia ter mudado quase imediatamente. O Milo afeiçoou-se à Sra. Silva e recusava-se a sair para passear ou a deixar colocar a trela. Era evidente que estava a sofrer algum tipo de impacto emocional devido à sua lesão e a família Silva começou a tentar descobrir como poderiam ajudar o seu amigo peludo a superar o trauma.
TRAUMA EMOCIONAL EM CÃES E GATOS
Tal como os humanos, os nossos pets podem desenvolver distúrbios de medo e ansiedade. Por vezes, estes problemas emocionais resultam de uma experiência anterior que foi desagradável para o animal. Estas situações podem ser qualquer coisa, desde abusos e abandono, a trovoadas ou furacões, acidentes de automóvel e fogo de artifício. Também podem ser eventos que o pet percebeu como desagradáveis, tais como terem-lhe cortado as unhas ou dado banho e, tal como no caso do Milo, uma lesão dolorosa ocorrida durante uma caminhada.
No entanto, nem sempre é necessária uma experiência desagradável para que se desenvolva um medo. Se um cão ou um gato não for exposto a algo durante o período sensível de desenvolvimento (até aos 3 meses de idade no caso dos cães e até aos 2 meses no caso dos gatos), tais como pessoas, locais, vistas ou sons – estas situações podem tornar-se estímulos que evocam o medo. Por exemplo, se um cão ou um gato apenas tiver tido contacto com adultos durante o seu desenvolvimento inicial, então a primeira vez que estiver com crianças pode ser bastante assustador.
A ANSIEDADE POR SEPARAÇÃO TAMBÉM REPRESENTA UM TRAUMA EMOCIONAL SIGNIFICATIVO PARA MUITOS PETS E A GENÉTICA DE UM PET TAMBÉM PODE CONTRIBUIR PARA OS NÍVEIS DE MEDO, FOBIAS E REAÇÕES A ESTÍMULOS.
SINAIS DE MEDO NOS GATOS
Existem sinais específicos de medo ou stress no seu gato. Alguns gatos podem esconder-se ou tentar encolher-se o máximo possível, puxando as orelhas para trás e mantendo-se imóveis. Outros gatos podem ficar agitados ou até mesmo agressivos. Sabe que o seu gato está a ficar agressivo se as suas pupilas estiverem dilatadas, as costas arqueadas, o pelo eriçado, a cauda a balançar rapidamente e a bufar.
SINAIS DE MEDO NOS CÃES
Os cães expressam o medo de muitas formas. Podem andar, ganir, ladrar ou tremer visivelmente. Podem encolher-se ou esconder-se ou, tal como o nosso amigo Milo, podem deixar de realizar atividades que antes eram normais. Alguns cães também podem parecer agressivos, embora este seja geralmente um comportamento conhecido como “reação ao medo”, o que significa essencialmente que o cão está a agir de forma agressiva quando na verdade está assustado.
TRATAMENTO DO TRAUMA EMOCIONAL EM PETS
Ao contrário dos seres humanos que sofrem traumas emocionais, os nossos pets não podem falar sobre os seus sentimentos. Os especialistas que tentam ajudar um cão ou um gato que está assustado, geralmente centram-se no que é conhecido como “dessensibilização e contra-condicionamento”. A dessensibilização é o processo de expor o animal ao estímulo que lhe causa o medo, mas num ambiente seguro e não ameaçador. A exposição aumenta gradualmente e, através deste processo, o pet aprende que o evento não é seguido de uma consequência desagradável. Ficam “dessensibilizados” do estímulo.
Podemos ver o Milo como um exemplo. Após a sua lesão, fugia e escondia-se sempre que um dos seus donos pegava na trela. Eventualmente, a família Nielson conseguiu pôr-lhe a trela e quando o fizeram pela primeira vez, em vez de o levarem a passear, deixaram-no apenas andar pela casa com a trela a arrastar atrás dele. Fizeram isto várias vezes até que o Milo lhes deixou abrir a porta de entrada e sair para o alpendre. Repetiram este pequeno passo várias vezes e eventualmente, aumentaram a distância do passeio até ao fim da passagem em frente à casa. Gradualmente, ao longo do tempo, o passeio do Milo aumentou até que conseguisse passear na rua sem sentir medo. Lentamente, o Milo está a aprender novamente que o seu passeio é algo de que gosta.
Existem inúmeros produtos no mercado que podem ajudar a acalmar um pet ansioso ou emotivo. Por exemplo, o colete proporciona uma suave compressão em redor do corpo do seu cão ou gato que aparentemente tem um efeito calmante. Outros artigos, tais como quebra-cabeças de tratamento para os manter ocupados, remédios à base de plantas e música, podem ser eficazes em alguns animais.
POR VEZES, O MEDO DE UM PET PODE SER TÃO INTENSO QUE PODE PRECISAR DE AJUDA FARMACÊUTICA PARA COMEÇAR A SER TREINADO NOVAMENTE.
Nestes casos, um Médico Veterinário pode prescrever medicamentos tais como anti-depressivos para complementar a terapia comportamental, diminuir o medo e melhorar a qualidade de vida. (fale sempre com o seu Médico Veterinário antes de administrar qualquer medicamento ao seu pet.)
VIVER COM UM GATO OU CÃO TRAUMATIZADO
Em muitos casos, um tratamento como o descrito acima pode ter êxito. Mas em alguns pets, os traumas psicológicos e fisiológicos são suficientemente significativos para que o gato ou o cão possa responder apenas parcialmente ao tratamento. Independentemente disso, é importante compreender como acolher o seu companheiro emocionalmente sensível.
Será bom para si compreender quais os estímulos que afetam o seu amigo peludo para o ajudar a evitar quaisquer episódios emocionais. Isto não significa ser excessivamente protetor, mas sempre que possível, antecipar os fatores de stress previsíveis e tentar evitá-los.
Um erro comum nos cuidados de um pet traumatizado é o de que encher o seu amigo de quatro patas de atenção e mimos é tudo o que este precisa para superar o medo. Isto, juntamente com elogiar o seu cão em situações stressantes, reforça o comportamento medroso. E alguns cães irão aprender a antecipar uma situação de stress quando ouvem palavras como “muito bem”, porque aprenderam a associar essas palavras a algo stressante, tal como ir ao Médico Veterinário.
Os especialistas também aconselham que quando se trabalha com pets traumatizados, nunca se deve utilizar técnicas que os possam assustar. Isto inclui abanar latas, frascos de spray, ou algo que choque o animal. Isto pode ser prejudicial emocionalmente para o seu pet e pode torná-lo agressivo.
É muito importante lembrar que existe esperança para o seu amigo peludo. Certificar-se de que se mantém calmo, relaxado e alegre irá ajudá-lo muito. Também deve saber que não está a lidar sozinho com um pet emocionalmente traumatizado e deve sentir-se à vontade para pedir conselhos ao seu Médico Veterinário.
Quanto ao Milo, ainda não conseguiu regressar ao trilho das caminhadas, mas soubemos que atualmente está a agir mais como ele próprio e está novamente mais entusiasmado em sair para passear.
O seu Médico Veterinário desempenha um papel importante na saúde do seu Pet. Introduza as suas informações de localização e obtenha uma lista de Médicos Veterinários perto de si.
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